quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Fagulhas terrestres e celestes


Este quadro representa a vida tortuosa dos homens, num mundo cada vez mais agressivo, em busca de harmonia.
A inspiração transporta-nos ao diabólico, metaforizado numa grande víbora.

A cabeça do bicho é mortalmente atingida por setas douradas, disparadas do céu. Enquanto isto, o corpo da víbora é devorado por labaredas vindas de uma tocha espiritual, suportada por uma mão humana. As fagulhas espalham-se por todos os lados, encurralando a cobra, deixando-a sem qualquer alternativa de fuga.
O corpo do animal, apanhado pelas fagulhas terrestres e celestes, só lhe restava uma saída: o único espaço, ainda aberto, lá no meio da balbúrdia.
Inesperadamente, surge uma bem torneada perna de mulher. O seu corpo resume-se exclusivamente àquela única perna.
A perna da mulher, que é também o seu próprio corpo, termina em forma de cabeça de uma vaca: tinha dois olhos, duas orelhas e dois chifres, de dimensão fora do comum.
A pernoca da mulher foi fixar-se sobre o corpo da cobra, pisando-a, calcando-a com o seu sapato “salto-alto”.
Das chamas expelidas do céu e da terra que consomem a mulher e a víbora, eleva-se um e
ntrelaçar de flores, plantas carnívoras, que acabarão por as absorver, apagando definitivamente a desordem. Mas nada indica que estaríamos perante a Fénix renascida.
Depois da cinza, ficará a planta carnívora de pé?

Texto e pintura de:
Jerónimo Xavier de Sousa Pontes

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